4 de dez. de 2013

Aconteceu no Museu: Sarau de Performances



Graziela Andrade


No último domingo chegou ao fim a exposição Outra Presença que teve como atração final um Sarau de Performances, realizado no sábado. Tendo em vista esses acontecimentos propomos aqui uma breve reflexão sobre a performance em si e aquilo que, supomos, possa movê-la enquanto ato criativo.

Presenças no jardim do MAP.(Foto: Luiza Palhares)

A latência de uma criação exige um preenchimento significativo que só pode ser concretizado na ação. O sujeito cria, em sua intenção significativa, e o faz, traçando o caminho de preenchimento de seu próprio vazio, levando, com isso, algo muito preciso e pessoal à expressão. Sob esse ponto de vista, podemos refletir sobre a performance como uma experiência criativa incorporada, que revela modos relacionais próprios do artista com o mundo. 

A partir do que se encontra disponível na cultura, a ação performática suscita ações significadoras – no artista e nos observadores – não necessariamente coincidentes, mas que, de alguma forma, podem ser potencializadoras da abertura de outros acessos aos fenômenos que, ininterruptamente, atravessam nossos corpos-sujeitos. 

Temos assim um acontecimento que conjuga o vazio, a cultura e a significação de um corpo na experimentação de uma especificidade, que nem sempre oferecerá um sentido claro ao espectador. No entanto, a outra presença que é essa do corpo que observa é também um ser de especificidades, “preenchido por vazios”, pertencente a uma cultura e a uma linguagem e, portanto, produtor de significações. Aparentemente, é nesta contiguidade entre seres, nessas linhas de cruzamento que se assemelham e se diferenciam que podemos, sensivelmente, ser tomados por uma ação performática.

Esse exercício de imprimir no espaço sua interioridade e individualidade, sem a necessária, mas, com a possível captação do outro, parece estar na essência da performance e foi diante de uma série de treze experimentos que se encerraram no último sábado as apresentações de Outra Presença, no MAP.  
        
A Mostra Muda e a Mostra Perplexa - integradas respectivamente por alunos do curso de pós-graduação em performance e de graduação em artes plásticas da Guignard – promoveram no museu uma verdadeira maratona performática, em que as apresentações aconteceram, seguidamente, durante toda a tarde.  

Assim, Outra Presença encerrou suas atividades cumprindo a expectativa de, ao menos durante 30 dias, ocupar o espaço do museu, atualizando e fazendo o lugar acontecer diante de alteridades. E para além, a exposição termina possibilitando, sensivelmente, também o contato, o encontro, o transtorno e o momentâneo preenchimento do vazio humano em seu viés criativo.  

Confiram a lista das apresentações que foram realizadas e o álbum de fotografias feitas por Luiza Palhares.


Mostra Muda:
·         Kiwo(man) – Sandra Bonomini
·         Ninguém sabe o que sofro – Cristina Borges
·         Namorico – Flávia Brettas
·         Teletragédias – Patrícia Vieira
·         O peso da cauda – Rocha & Polse

Mostra Perplexa:
·         Afeto – Nísia Fernandes
·         Espaço e fora, tempo e dentro – Mendes Jacinto
·         Natureza morta e preenchimento de formas - Letícia Grandinetti
·         Sustentação – Raquel Nácar
·         Vestida de nu e batom – Isabela Cesário
·         Perdão – Marlla Antonine
·         Mulher com mulher vira jacaré – Olívia Viana com colaboração de Janaina Tabula
·         I.A.C – Renata Villanova
 



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