23 de nov. de 2013

Aconteceu no museu: Leve tensão



Graziela Andrade

Mariana Rocha e Fernanda Polse levaram uma gangorra, semelhante aos brinquedos infantis, ao salão nobre do MAP. De um lado um corpo e, como contrapeso, uma caixa ia sendo preenchida por um pó cinza. Embora, a primeira vista, a operação pareça certeira, a balança entre o corpo e a cinza dificilmente se acordaria. A tarefa de pesar um lado para elevar o outro foi se tornando difícil, demandando cada vez mais esforço. O movimento do corpo derrubava o pó, o preenchimento do pó movia o corpo – e assim o trabalho ia sendo feito e desfeito, até que a soma fosse maior que a perda.

Fernanda Polse e Mariana Rocha, em O corpo do pó. (Foto: Luiza Palhares)
 Quantos elementos poderíamos imaginar nesses lados da balança em O corpo do pó? Apesar dos estados de vida e morte do corpo serem a questão da obra por excelência, podemos refletir sobre inúmeras derivações como: bem e mal, homem e mulher, amor e ódio. Polos em relação e tensão, atrás de um equilíbrio ilusório. O pensamento ocidental, por vias do cartesianismo, aprendeu a dividir o mundo em dicotomias e a perseguir um meio termo ideal entre eles. Mas o ideal - como o equilíbrio - demanda esforço contínuo, em prazo prolongado e efeito momentâneo. É preciso embolar o pensamento, atrair os elementos, enfrentar a densidade da mistura para crer na potência criativa do desequilíbrio – isso que há entre a vida e a morte. 


Mais tarde, outra dupla trocou a tensão pelo compartilhamento em Desenho, obra interpretada por Margô Assis e Eugênio Paccelli. Com gestos muito precisos e coreografados, o casal foi criando formas com recursos simples como: papel, fita crepe, barbante, estilete e tesouras. O corpo, como elemento central, era aquele que fazia surgir imagens lúdicas e poéticas, seja de seu contorno, de suas extensões ou por sua pura habilidade.

Margô Assis e Eugênio Paccelli, em Desenho. (Foto: Luiza Palhares)
O espaço, preenchido pelo desenho em movimento, apontava os rastros da passagem daqueles corpos através dos elementos que eram deixados no caminho. Assim, desenho, corpo e espaço conjugaram-se em um mesmo e harmônico entrelaçamento. A performance trouxe para o mezanino do MAP um tom genuíno, prazeroso e deixou no espectador o desejo de não parar a brincadeira.  

2 comentários:

  1. Hi Mariana (and Fernanda) it's Vanessa from the PBR MOOC. What a beautiful piece this is. Congratulations. I really love the work you guys are doing.

    With only 3 weeks left in our MOOC, my "Blueberry Blintz" teammates and I wanted a way to keep our conversation going and to include more classmates in it. So we've created a new website/blog:
    http://PracticeBased.Re/search

    Would you like to join us? There's no expectation or requirement, you simply post and comment as much or as little as your time and interest allow. If you'd like to join, just give me your email(s) and I'll add you. And keep up the lovely work. It's really quite compelling.

    -- Vanessa

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Hi Vanessa,
      Thank you!
      We would love to join you!
      Here are the email(s):

      evaalslov@gmail.com
      fernandabrancopolse@ymail.com

      Thank you again,
      Best,
      Mariana

      Excluir