Graziela Andrade
A primeira noite de performances no MAP foi marcada pela força e poesia de O Puxador - obra de Laura Lima, interpretada por Tiago Macedo – e pelos sabores e gentilezas de Agnes Farkasvolgyi, em Presença Ambulante, Falante e Generosa.
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Tiago Macedo interpreta "O Puxador", de Laura Lima. Foto: Luiza Palhares. |
Logo na entrada do salão
principal do museu, os visitantes deparavam-se com um homem nu, envolto por
cadarços de nylon amarrados às colunas de aço, que praticava um esforço fantasioso
de arrastar consigo toda a estrutura que o prendia. Para o curador Marco Paulo
Rolla, essa é uma cena impactante, mas ao mesmo tempo é uma poética figura de
convite à exposição, na medida em que reflete o desejo da curadoria de integrar
o espaço do MAP ao da cidade.
O Puxador é uma obra que integra o acervo do museu e, assim, sua
escolha para a abertura de Outra Presença
vai ao encontro do anseio do trio de curadores - formado também por Ana Luisa
Santos e Nathalia Larsen - de promover a ativação da coleção e, na mesma
medida, de amadurecer e dar importância à política de aquisição de obras. Na
portaria, Marcelo de Jesus, funcionário do museu, acompanhava as primeiras
reações dos visitantes e afirmou que o comportamento desses vinha sendo
elogioso e respeitoso. Já no mezanino, uma mulher aguardava o momento certo de
passar pela porta, para assim evitar o contato com o homem nu. As tensões
provocadas nessa performance refletiam-se
ainda no próprio corpo do artista interpretante, que apresentava marcas de seu constante
esforço, nas quase três horas em que sua pele era pressionada ao nylon, a fim
de que a estrutura dos cadarços fosse mantida estirada.
Do lado de fora do salão, entre
os jardins de Burle Marx, ambulantes eram as mesas que dispunham os petiscos da
Vernissage. Trata-se da obra da
artista e chef de cozinha Agnes Farkasvolgyi,
na qual o corpo é o suporte para um arranjo circular com função de bandeja, que
por sua vez é um pretexto para fazer o outro se aproximar e dar início a uma
conversa. Para a artista, a comida opera uma tradução entre linguagens, em que dialogam
sabores e sentimentos.
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Agnes Farkasvolgyi, em performance. Foto: Luiza Palhares |
A culinária guarda, assim, uma carga afetiva a partir da
qual o próprio fato de escolher e preparar um prato para alguém pode querer
dizer: “eu gosto de você”. Dessa maneira, Presença
Ambulante, Falante e Generosa atraiu as pessoas pelo estômago e pela
curiosidade - mesmo aquelas a princípio intimidadas pela apresentação
multicores e inusitada das mulheres de corpos “embandejados”- e deu início a
uma troca de histórias, afetos e, claro, muitos sabores.
Outra Presença apresenta ainda mostras de Vídeo Performance e Foto
Performance, em exposição no segundo andar do salão principal, que reúnem
trabalhos anteriores de vários dos artistas que participam da programação. Para
além, haverá palestras nas terças-feiras e várias performances para acontecer ao longo do mês. Escolham as atrações e
façam-se presentes no MAP.
Maravilhoso!
ResponderExcluirHoje teve Quarteirão do Soul, muita descontração em uma cena atípica dentro dos museus. +Ed Marte. Amor demais.
ResponderExcluirTa muito boa a programação!!!
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