20 de nov. de 2013

Palestra: O ensino e a aprendizagem na performance



Graziela Andrade

Ontem foi dia de palestra no MAP. Marco Paulo Rolla, um dos curadores da exposição Outra Presença, dividiu a mesa com Paola Rettore, ambos tratando do tema - Formação em performance: aprendizado experimental ou ensino de risco.

Marco Paulo Rolla e Paola Rettore, em palestra. (Foto: Luiza Palhares)

Falando sobre sua experiência como artista e também como professor da Escola Guignard, Marco discorreu sobre as possibilidades de aproximação humana decorrentes do fazer educativo na arte. Para ele, especificamente em relação a sua disciplina sobre performance, o importante é ensinar a seus alunos a ter coragem, a se assumirem como artistas diante dos desejos e também das dificuldades de realização que essa escolha apresenta. Outro ponto importante, em seu ponto de vista, é promover o exercício da coletividade, contribuindo para a formação de artistas que estabeleçam maiores trocas, não só de ordem prática, quanto também reflexiva, em torno de suas obras.

O pensamento e o aprendizado do coletivo são auxiliares na consciência de que a arte constitui por si mesma uma rede de acontecimentos que tem papel fundamental em nossa sociedade. Seja questionando, provocando, evidenciando, deslocando ou simplesmente propondo novas formas de se ver o mesmo, a arte é uma das esferas sociais que guarda a potência do escape, ou seja, que suscita outras verdades que não aquelas embutidas nas expressões predominantes de uma cultura. Sem romantismo, sabemos que, inúmeros tipos de dificuldades “empacotam” esta pujança artística e, neste ponto, o coletivo pode fazer mais forte e organizada uma classe habituada a construções muito pontuais. 

Paola Rettore, por sua vez, falou da experiência em coordenar, em Belo Horizonte, um curso de pós-graduação em performance, que esteve atrelado à faculdade Angel Viana (RJ). Ela nos lembrou que o ato de ensinar também pode ser visto como o de perfomar, referindo-se  ao acaso e as improvisações que tais ações podem demandar. Lecionando disciplinas, especialmente relacionadas à criação e composição, Paola afirmou que busca estimular em seus alunos a autonomia, autoestima e também a responsabilidade, pois, entende que a ação artística está, quase invariavelmente, recoberta por um fazer político.

Os dois palestrantes falaram do cenário da performance em Minas Gerais de maneira, no mínimo, otimista. Ele, lembrando que Outra Presença é uma exposição direcionada essencialmente à performance e, na qual, a grande maioria dos mais de 30 artistas que se apresentam, nasceram ou moram em nossa cidade. Ela, afirmando que o curso que foi realizado em BH, não pôde acontecer no RJ por falta de quorum e que aqui já há interessados suficientes para a abertura de uma nova turma.

5 comentários:

  1. "Performar" torna-se o pêndulo do ensino interdisciplinar, faz liberto o ato criativo.

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  2. Apenas tomemos cuidado com esta relação ensino e aprendizagem, que já é muito traumático para Educação. E como bem cutucou Klauss Vianna, no livro A dança, criar escolas de arte, e neste caso, "escola de performance" pode ser muito perigoso e inócuo. Não me parece por acaso que não tenha vingado no RJ, tomemos cuidado!

    E sigamos inventando!

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  3. Não limitemos e nem radicalizemos "Performar", que também se liga a execução de uma atividade ou trabalho, representação, desempenho em uma exibição, medição do desempenho e auferimento da capacidade de alguma coisa. Realmente: "escola de performance" pode ser muito perigoso e inócuo. Principalmente nas mãos de engalobadores.

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  4. Citei a cidade de Belo Horizonte como um lugar fértil para a performance pelo caráter histórico da mesma, desde a geração complemento ou mesmo até antes e depois por vários artistas que sempre investigaram e usufruíram do conforto e tranquilidade das montanhas. A relação de tantas pessoas interessadas com a performance está ligada à tradição do artista experimental que aqui em BH e em Minas sempre teve espaço, tempo e pouco dinheiro. Inclusive Klauss Vianna e Angel Vianna. Encontrar com pessoas para estudar, criticar, contextualizar e criar assistidamente só agrega entendimentos e abre as percepções. Quanto ao Klauss, compreendo sua aversão às Escolas ou Academias (de dança), mas fui aluna dele e ele meu professor, exatamente nessa relação ensino aprendizagem.
    E pergunto: pode ser perigoso para quem?
    "Viver é perigoso"... GR

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